Float: uma bela metáfora da relação entre um pai e um filho especial

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Bobby Rubio é um filipino-americano que nesse momento chama atenção por sua nova criação na Pixar – Float – “flutuador” em tradução livre. O escritor e diretor é o responsável pelo comovente curta-metragem com duração de 5:45 minutos, lançado em novembro desse ano, que mostra a relação entre um pai e um filho diferente do normal, afinal o pequeno “flutua”.

O curta mostra o belo relacionamento entre papai e bebê até que o pai se sente julgado pelos olhos da sociedade. Ele é tomado pelo desespero ao notar os olhares discriminatórios sempre que o seu filho, literalmente, tira os pés do chão. Ao perceber as fofocas sobre o seu bebê, o pai busca escondê-lo e vive um misto de amor e constrangimento. Há uma leve pausa no curta e o pai não é mais o mesmo. Ele descuida da sua fisionomia e demonstra, claramente, os seus desafios cotidianos para vestir o filho e caminhar ao seu lado na rua. Ele chega a colocar uma coleira no filho para protegê-lo de escapar e pedras na mochila para fazê-lo parecer como todo mundo. O clímax do curta-metragem é quando o menino vê um parquinho, vai brincar com as outras crianças, mas seu jeito de brincar é diferente; portanto ele é julgado e se torna difícil para o pai encontrar maneiras para disfarçar as diferenças diante das outras crianças e dos olhares maldosos dos pais. Ele mesmo se enraivece, como se quisesse dar uma satisfação para a sociedade, mostrar que tenta se impor e, com o emocional abalado, ele desabafa: “Você não pode ser normal?!”. O menino se sente magoado e fecha os olhos. Então, é preciso decidir se fugir da verdade e continuar fingindo uma normalidade impossível, mas tolher a liberdade e autenticidade do seu filho, ou se o aceita como ele é e aprende a conviver e a incluir.

Float é uma metáfora da realidade vivida por seu autor, que por meio do desenho (atendendo a sugestão da sua esposa), tentou colocar para fora o seu próprio sofrimento. É que Rubio, quando soube do diagnóstico do filho no Transtorno do Espectro Autista (TEA), não lidou bem com as notícias e precisava de um meio para achar o alívio necessário para reconstruir essa relação com Alex.

Assim, a história foi construída em imagens que o desenhista compartilhou com alguns colegas. Um deles indagou: “Por que os dois são caucasianos? Essa história é sua! O seu filho é um filipino-americano“. Ele precisa se reconhecer na telona! Rubio reconheceu e aceitou a ideia. Desse modo, “Float” abriu novos caminhos como o primeiro trabalho da Pixar a apresentar um personagem de animação filipino-americano e uma história de autismo, que ressalta não apenas esse transtorno de desenvolvimento, mas cabe em várias outras síndromes e situações de exclusão. É um convite a entender melhor os nossos dilemas íntimos, e se permitir a aceitar as diferenças, libertando pessoas amadas para serem como são. É um convite para que as famílias que aparentam maior normalidade reflitam e se abram para uma convivência mais harmoniosa com os atípicos.

Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC), 1 em cada 59 crianças foram diagnosticadas no Transtorno do Espectro Autista. O TEA é uma deficiência no desenvolvimento global, definida por critérios de diagnóstico que incluem déficits na comunicação verbal e não-verbal, interação social e presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento.

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