Em janeiro, ao retornar das férias com uma bagagem cheia de histórias e emoções bonitas para contar e relembrar, muitas pessoas sentiram-se mais leves, pois conseguiram se livrar de tudo que as oprimia, aproveitando o tempo para buscar, encontrar e compartilhar a alegria de ser e viver. No entanto, muitas outras pessoas se depararam com as mesmas inquietações e ameaças que tinham deixado para trás ao iniciar suas viagens, sentindo todo o peso do excesso da bagagem sobrecarregada pelos problemas sem solução imediata em suas próprias vidas. Além das adversidades já conhecidas e previstas, ainda descobrem que é preciso saber reagir às forças ocultas, o acaso e a má sorte para conduzir bem a própria vida, ao invés de apenas se deixar levar por ela.
Como o herói Ulisses da Odisséia de Homero, que, por anos, tenta em vão voltar para sua casa e sua amada família na ilha de Ítaca, em algum período da nossa vida buscamos, sem sucesso, voltar para o “lar” que construímos para viver, trabalhar e se relacionar. Fazemos planos mirabolantes que não conseguimos cumprir conforme previsto; pegamos descaminhos, descobrindo inimigos disfarçados de amigos; enfrentamos monstros e tempestades dentro e fora de nós, usando as mais variadas armas, estratagemas, disfarces, omissões e mentiras para sobreviver. Empreendemos longas viagens ao redor de nós mesmos, buscando o rumo para a conquista da felicidade.
Ao tentarmos atingir nossas metas, querendo ou não, nos tornamos heróis controversos, que, lutando contra as adversidades, confundem seu raciocínio e, com isso, podem até prejudicar seus próprios caros. Por isso, como a própria Odisséia ensina, até os “heróis” precisam deixar para trás, além do medo, pelo menos, um pouco da sua arrogância e do orgulho, para que, ao compartilhar sua própria fraqueza, consigam ganhar um apoio inesperado e, finalmente, retornar ao lar.
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A Odisséia, obra épica do grego Homero, também serve de referência para a nova playlist do blog… leia mais no próximo post.