Em um momento onde tudo acontece em alta velocidade e o tempo parece não ser mais contado, o diretor espanhol Juan Antonio García Bayona provoca nos espectadores de “A Sociedade da Neve”, filme baseado em uma história real, uma nova maneira de pensar a vida e a morte.
O roteiro coloca em pauta o acidente do vôo 571 da Força Aérea Uruguaia, que transportava quarenta e cinco membros e torcedores de um time uruguaio de rugby ocorrido em 12 de outubro de 1972, entre o Uruguai e o Chile.
A direção de Bayona remonta a história documental, publicada no livro de Pablo Vierci, e os valores essenciais que fizeram os sobreviventes a serem capazes de lidar com uma situação tão adversa. É importante lembrar, inclusive, de que vários, que não conseguiram a felicidade do resgate, foram ainda marcantes e inspiradores para a sobrevivência dos dezesseis que puderam voltar para suas casas.
A foto de hoje pode ser muito diferente do retrato de amanhã. Os rostos podem não ser mais os mesmos, corpo e alma podem estar cheios de feridas, mas é preciso que os desafios sejam lições para o aprimoramento humano, para reflexões mais profundas sobre valores, como a fé, como, por exemplo no diálogo entre Arturo e Numa, onde ele fala sobre a fé e explicita em qual Deus ele acredita. Nesse momento, ele nomeia tanto o nome como o feito de cada um dos seus amigos.
Ao ouvir com escuta ativa os lamentos de Numa que tinha um papel importante executivo para o apoio de todos, mas teve o seu pé ferido, Javier traz reflexões importantes sobre o amor e a importância de ter um propósito de vida.
O filme mostra, claramente, também a importância do respeito às competências técnicas e emocionais de cada um. A capacidade analítica, alinhada a estratégia, a liderança e a coragem de Nando Parrado, por exemplo, foram essenciais a fim de mudar o futuro dos seus amigos.
Roberto Canessa (interpretado por Matías Recalt), um dos médicos e líderes mais importantes do grupo, além da inteligência era carregado de positividade. Foi ele, ao lado de Nando Parrado, que enfrentou as montanhas em busca de socorro. Em entrevista para a Time, ele diz:
“Isto é mais do que um filme. Esta é uma experiência que temos que compartilhar com a humanidade para mostrar às pessoas que estão sofrendo os seus próprios ‘acidentes de montanha’ como serem engenhosas e não desistir“.