A pandemia do Covid-19 teve, sem sombra de dúvidas, um impacto global no mundo do trabalho. Com base em algumas pesquisas estruturadas, além dos relatos que extraí na minha prática de Coaching Executivo, apresento alguns pontos relevantes:
Home-office X trabalho presencial – ficou comprovado que o trabalho presencial gerava riscos para os trabalhadores, e, consequentemente, para as suas famílias. Assim como ficou comprovado que os empregados são engajados e comprometidos com as suas metas, independente de suas presenças físicas no escritório. No entanto, a grande questão é que para algumas atividades ou setores o trabalho pode ser realizado de forma virtual, mas para outros a aproximação com o cliente é essencial para o negócio funcionar. Um bar, por exemplo, pode passar a comercializar as suas bebidas via e-commerce. No entanto, o motivo que leva os seus clientes ao ponto de venda não é apenas uma garrafa de cerveja ou de uísque, mas a possibilidade de diversão e entretenimento. Desse modo, o serviço do barman, por exemplo, fica, totalmente, comprometido. Na mesma perspectiva, o serviço do gerente desse bar sofre pressão de incertezas que são vinculadas às suas próprias habilidades, mas também às funcionalidades do local, às exigências do Governo e outras legalidades envolvidas. É muito mais complexo do que a gente poderia imaginar, principalmente porque pegou os profissionais de muitos países, completamente despreparados.
Trabalho Remoto – a pandemia aumentou o número de oferta de trabalhos para os nômades digitais. Segundo a Forbes, os países que ofereceram maiores facilidades foram Barbados, Estônia, Espanha, Geórgia (entre a Rússia e a Turquia) e México. Veja mais na matéria Moving Abroad During A Pandemic: 5 Countries That Are Opening Up To Remote Workers.
Remuneração -segundo a McKinsey, houve um declínio na oferta de vagas de emprego com baixa remuneração e crescimento na oferta com elevada remuneração. No entanto, a exigência de soft skills cresceu comparado com as habilidades técnicas. Competências como a flexibilidade e a vontade de se adaptar são essenciais hoje em dia. Elas, inclusive, têm sido destacadas nos anúncios de empregos.
Transição de carreira – muitos profissionais precisaram migrar de uma carreira para outra. Adquirir habilidades técnicas, principalmente no campo da informática, fará a diferença. Por exemplo, um profissional de vendas pode se qualificar na área de E-Commerce, que foi um resultado que deu certo em várias empresas que se ajustaram com dinamismo. Por outro lado, ele também pode atuar mais no campo de gestão ou aconselhamento para outras empresas. É preciso fazer um estudo com base nos talentos e interesses de cada indivíduo. No ambiente corporativo, já se fala muito sobre requalificação.
Tem Governo e empresas de ponta investindo nessa mudança.
“Sob o Pacto por Competências estabelecido na União Europeia durante a pandemia, empresas e autoridades públicas investiram € 7 bilhões para aprimorar as habilidades de cerca de 700.000 trabalhadores automotivos, enquanto nos Estados Unidos, a Merck e outras grandes empresas investiram mais de US$ 100 milhões para aprimorar as habilidades dos trabalhadores negros sem educação universitária e criar empregos que possam ser preenchidos por eles”. (The future of work after COVID-19, McKinsey, 2021)
Investimento em treinamento durante a pandemia – muitas empresas investiram alto em treinamento para dinamizar os serviços – Walmart, IBM, Bosh, Barclays são alguns exemplos, citados pela McKinsey. Veja, também, a lista do Financial Times, a qual disponibilizei no post As 10 Empresas mais prósperas do mundo durante a pandemia, no meu Instagram. No meu serviço de treinamento, houve o crescimento na demanda por hospitais, e o serviço mais procurado foi a palestra Heroínas: como equilibrar vida pessoal e profissional. No serviço de Coaching cresceu a demanda dos clientes por contratos estáveis, principalmente em uma das agências das Nações Unidas. Dessa forma, realizei mais trabalhos para preparação de entrevistas do que em anos anteriores, onde o foco maior era preparação para mudança para o exterior e desenvolvimento de competências para liderança global.
(Des)Humanização do trabalho – esse já era um ponto sensível antes da pandemia do Covid-19. Veja mais em Humanização no Ambiente de Trabalho.
Segundo a Gartner,
“Enquanto algumas organizações reconheceram a crise humanitária da pandemia e priorizaram o bem-estar dos funcionários como pessoas em vez dos funcionários, outras incentivaram os funcionários a trabalhar em condições de alto risco com pouco apoio – tratando-os primeiro como trabalhadores e depois como pessoas“.
No entanto, baseado em uma pesquisa que realizei no LinkedIn – Você já teve um chefe que te humilhou na frente de outras pessoas?, os participantes se mostraram mais intolerantes aos conflitos persistentes ou tentativas de assédio moral no trabalho.
Doenças mentais – muitos profissionais perderam a capacidade de distinguir os limites das horas de trabalho e lazer. O emprego invadiu as casas das pessoas e gerou doenças mentais, como burnout, transtorno de ansiedade, depressão, toc, entre outras. Veja mais em Por que uma Coach Transcultural está falando sobre Neurociência? São muitos os profissionais que afirmam terem sofrido assédio moral, por meio de pressões constantes dos chefes e comentários humilhantes sobre suas performances, mesmo quando eles se sentiam dando o sangue pela organização. Do mesmo modo, eu, particularmente, ouvi vários relatos de falta de apoio de empresas da saúde, pois enquanto os profissionais passaram a trabalhar mais de oito horas por dia, em vários casos, sem receber hora-extra, os filhos estavam em casa, sem escola, e precisando de atenção.
Aumento do trabalho – se algumas organizações fecharam temporariamente e profissionais tiveram um longo período confinados em suas casas, muitas empresas seguiram com o trabalho home-office. Segundo vários executivos que eu acompanho na prática de Coaching, o serviço aumentou muito. Eles viajam menos, mas participam de inúmeras conferências online.
Festas comemorativas – Não pretendo me aprofundar nessa pauta, pois já abordei em artigos anteriores, mas até mesmo as festas corporativas e em famíia estão sendo afetadas pela pandemia. Ver mais em Como ajudar o seu filho a lidar com as emoções nesse período de Natal.
Com base nesse estudo, com 9 tópicos e uma rápida descrição de cada um deles, abre-se espaço para muito aprofundamento. Que outro tópico, você acha importante pesquisar? Gostaria de acrescentar as suas impressões sobre os tópicos acima? Enriqueça essa pesquisa, com os seus comentários abaixo.