A Índia é um país de contrastes vibrantes, tradições milenares e uma diversidade cultural que desafia qualquer generalização. Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar pessoalmente Minu Agarwal, uma expatriada indiana de Calcutá que hoje vive na Itália.
Enquanto compartilhávamos uma deliciosa refeição vegana: arroz de jasmim, hambúrguer de espinafre, verduras frescas e água, a conversa intercultural fluiu com leveza. Entre risadas e boas garfadas, observávamos hábitos que refletem valores culturais profundos: simplicidade, atenção e cuidado, manifestados até mesmo nas escolhas alimentares.
Minu apresentou um dos princípios mais fascinantes da cultura indiana: Atithi Devo Bhava, que significa “o convidado é como um deus”. Para agradar e honrar os hóspedes, seja em casa ou no trabalho, oferecer água é tradição. Contrastamos essa prática com o costume brasileiro de oferecer café, do meu país de origem, e com o hábito piemontês de oferecer vinho, reflexo da cultura onde vivemos atualmente.
Ela explicou que, na Índia, dedicar atenção plena aos convidados é essencial: demonstrar cuidado, respeito e presença. São habilidades sutis, mas de profundo impacto nas relações, capazes de inspirar práticas profissionais e pessoais de hospitalidade e empatia. Também discutimos diferenças culturais marcantes, como o fato de que, em algumas culturas, espera-se que o hóspede lave os pratos após a refeição — algo que, na Índia, seria visto como falta de educação e desrespeito.
Minu também mencionou que a alimentação indiana costuma priorizar carboidratos mais do que proteínas, buscando nutrir corpo e mente de forma equilibrada. Para mim, que vivi três anos na Ásia, esse encontro foi uma oportunidade de reconectar-me com a riqueza dessa cultura — e também com a simplicidade natural dessa delicada mulher, vestida lindamente com roupas artesanais produzidas por seus compatriotas.
A entrevista pessoal com Minu trouxe elementos que vão além de suas palavras: está na doçura da sua voz e na maneira harmoniosa de apresentar os contrastes entre as culturas, sem criticar negativamente, ofender ou depreciar qualquer costume. Fica claro que a cultura se revela na forma natural e cotidiana com que cada gesto carrega significado, ensinando-nos sobre atenção, presença, tolerância, respeito à diversidade e autenticidade em qualquer contexto, pessoal ou profissional.
Veja a entrevista – Como um simples copo d’água pode revelar toda uma cultura?
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