É muito comum que algumas pessoas definam o coaching como “um processo no qual o coachee sai de um estado atual até alcançar o estado desejado”. Alguns profissionais chegam a mostrar a figura de uma linha reta.
É uma forma simplista de explicar um processo complexo, pois na prática não existe essa linearidade. Raramente o profissional que está engajado em um processo de coaching sai de um ponto A para um ponto B sem ultrapassar desafios, obstáculos e mudanças de contexto.
A verdade é que o processo de desenvolvimento pessoal e profissional apoiado pelo coaching, muitas vezes, parece uma montanha russa. No caso do Coaching Executivo, o cliente ou coachee pode, inclusive, aparentar que regrediu, pois, por exemplo, uma fase de maior estresse fez com que ele adoecesse.
As intempéries da vida afetam as emoções. Situações difíceis, desde uma frustração no trabalho até um divórcio ou o falecimento de um ente querido, podem abalar esse processo e dar a impressão de um baixo desenvolvimento. Por outro lado, a abertura da mente para novas soluções pode fazer com que o coachee perceba que o ponto B não mais importa e o que ele, realmente quer, é rever seu contexto no ponto A ou buscar uma opção que vá do C ao Z.
Hoje em dia, com o crescente aumento do número de cursos e profissionais certificados, é fácil encontrar um(a) coach no mercado. No entanto, ganhar prática e maturidade é algo que leva tempo, muitas horas de capacitação, leitura, exercícios e prática de coaching. Cada vez mais, empresas de todos os setores estão conhecendo esse trabalho e, para “experimentar” (e economizar), em alguns casos, decidem confiar em coaches iniciantes, ainda em fase de treinamento ou até mesmo sem qualquer qualificação. Desse modo, é preciso que os coaches experientes sejam pacientes, tanto para ajudar aqueles que estão no início de suas carreiras, oferecendo supervisão ou mentoring; como para entender que o nível de conhecimento das empresas contratantes ainda é incipiente. Por outro lado, os coaches que estão começando na carreira não podem acreditar que se sentirem empoderados será o suficiente para torná-los profissionais aptos a atender qualquer pessoa ou organização. É preciso estudar, oferecer o serviço sem remuneração para vários clientes e desenvolver suas próprias competências.
Independentemente do nível de conhecimento ou de experiência prática, é preciso entendermos todos — coaches profissionais, coaches iniciantes, coachees e empresas contratantes — que o coaching, de forma geral, é um processo não linear, onde o processo de desenvolvimento rumo às metas desejadas pode ser afetado por diversos fatores e, às vezes, até desviar do seu curso, de forma inesperada pelo coachee. Afinal, cada um de nós tem visões pessoais e profissionais diferentes, que devem ser abordadas, entendidas, integradas e aproveitadas ao longo de um processo de desenvolvimento no qual tanto o coach quanto o coachee podem precisar “sair do estado atual para alcançar o estado desejado”.