“Proviamo un po´di tutto!”: a história da italiana que mordeu o pequi

Se alguém perguntar para um estrangeiro qual é o prato mais famoso no Brasil, ele, certamente, irá pensar na famosa feijoada. Esse prato tem cara de sábado, com uma bela roda de samba e caipirinha. No entanto, se a mesma pergunta for feita para um brasileiro, a resposta pode mudar um pouco. Ele poderá se lembrar de vários outros pratos típicos com os quais tem uma relação de afeto. Os paulistanos amam pastel, os gaúchos adoram churrasco e os mineiros preparam um delicioso pão de queijo. As variedades de pratos nas regiões brasileiras são tantas que pessoas da mesma cidade podem salivar por inúmeros sabores diferentes.

Como uma boa goiana, não posso deixar de comentar sobre o delicioso arroz com pequi. Esse fruto amarelo ouro é comum no cerrado brasileiro e tem personalidade expressiva quando utilizado na gastronomia. Fora do estado de Goiás, que o utiliza no arroz, em molhos, azeites e licores, ele não é tão conhecido. Recentemente, foi apresentado em episódio do MasterChef Brasil, por intermédio da chef brasiliense Mara Alcamim, responsável por comandar o restaurante Universal Diner, em Brasília. Na ocasião, ela preparou um frango caipira, arroz com pequi e creme de milho.

Mara Alcamim – Foto: Rener Oliveira

Se o queridinho dos goianos não é tão conhecido no Brasil, para os estrangeiros a novidade é ainda mais incomum. Porém, não há turista que viaje em Goiás que deixe de prová-lo. No entanto, a fim de evitar acidentes, é importante saber que o pequi não pode ser mordido, mas raspado com uma faca, colher ou roído com os dentes. Isso porque no caroço, por debaixo da polpa, há inúmeros e minúsculos espinhos que podem causar sérios ferimentos na boca, principalmente na língua.

Uma vez, em viagem para Pirenópolis, uma cidade do interior de Goiás, acompanhei a história da Mariagrazia Bertini, uma cantora italiana de Turim, que queria provar todas as delícias da culinária local. Então, enquanto eu terminava de me servir em um restaurante tradicional self-service, ela se sentou à mesa e a primeira coisa que provou com uma forte mordida foi, exatamente, o pequi. Ela precisou ir ao hospital da cidadezinha em busca de socorro, e, por fim, conseguiram remover os espinhos com uma pinça. A experiência foi bastante desagradável. Então, é importante que os estrangeiros que gostam de visitar o Brasil além do Rio de Janeiro e São Paulo, saibam que o pequi é delicioso, mas deve ser degustado com atenção.

Depois de passado o susto, decidi perguntar para a Mariagrazia, por qual motivo ela não havia pedido orientações antes de provar a comida e saber como deveria degustá-la. Então, veio o ponto alto da história: ela não imaginava que estava mordendo um pequi, mas uma batata.

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3 comentários em ““Proviamo un po´di tutto!”: a história da italiana que mordeu o pequi

  • Poxa, mas como alguém ia imaginar que deveria pedir orientação para comer uma comida! Acho que o restaurante, uma vez que era self-service, deveria ter colocado na frente da travessa uma plaquinha dizendo que prato era aquele e orientando a não morder o pequi. Coitada da italiana, deve ter ficado com uma péssima impressão da culinária goiana!

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