Executivos no Brasil e na Ásia: Navegando Choques e Diferenças Culturais

Tive a oportunidade de visitar diversos países da Ásia e morar na Indonésia por três anos, uma experiência que me permitiu vivenciar culturas muito distintas e, ao mesmo tempo, passar pelo que muitos chamam de choque cultural. Essas experiências me ensinaram que compreender culturas não é apenas conhecer regras ou costumes, mas desenvolver sensibilidade, empatia e habilidades práticas para navegar situações complexas, competências essenciais para executivos e líderes globais.

Durante minhas viagens, vivi momentos curiosos e marcantes. Em Jacarta, um taxista me perguntou se eu gostava de cachorros. Eu disse que sim, e ele me indicou um restaurante onde eles eram “deliciosamente bem preparados”. Já em Bangkok, uma senhora tailandesa ficou surpresa quando pedi um prato com verduras em vez de carne de vaca. Ela me explicou, preocupada, que acreditava em reencarnação e que sua família era descendente dos gados. Pequenos episódios como esses ilustram como hábitos e valores podem variar drasticamente e gerar choque cultural, seja na vida pessoal ou profissional.

Mesmo entre os próprios países asiáticos, as diferenças de comportamento são grandes. No Japão, um executivo fez questão de nos acompanhar até nosso destino para garantir que não nos perderíamos, mostrando atenção extrema aos detalhes e senso de responsabilidade coletiva. Em contraste, a comunicação coreana é direta e objetiva; recentemente, em uma interação com uma coreana na Turquia, senti na prática uma comunicação praticamente sem filtro, onde a clareza e a eficiência falam mais alto do que a delicadeza.

Na Indonésia e na Malásia, muitos executivos brasileiros que vivem nesses países relatam enfrentar grandes desafios. Diferente do Brasil, os colegas locais raramente dizem “não” de forma explícita, evitando confrontos e mantendo a harmonia. Isso pode gerar frustração para quem espera respostas claras e objetivas. Na Tailândia, a comunicação indireta é acompanhada de sinais e gestos sutis que ajudam a transmitir a mensagem sem constrangimentos.

Esses contrastes mostram que o choque cultural é sentido de formas diferentes: enquanto executivos asiáticos enfrentam desafios no Brasil, entendendo a informalidade, a flexibilidade e o estilo de comunicação direto, executivos brasileiros que atuam na Ásia lidam com hierarquias rígidas, comunicação indireta e sutilezas que exigem muita atenção e sensibilidade.

Durante meu mestrado em Cooperação Internacional, entrevistei profissionais japoneses que atuam no Brasil. Eles também relataram desafios significativos: dificuldades na comunicação, diferenças de interpretação de prazos e na forma de organizar tarefas. Esses pontos reforçam como cada cultura tem suas próprias normas e expectativas, e como a adaptação intercultural é um processo contínuo, que exige paciência, observação e empatia.

Apesar das diferenças, existem princípios comuns entre muitas culturas asiáticas: valorização do respeito, da harmonia, da educação formal e do cuidado em não constranger o outro. Porém, a maneira de aplicar esses princípios varia consideravelmente de país para país, exigindo estratégias diferentes para construir confiança, engajar equipes e atingir resultados.

Minha experiência como estrangeira na Indonésia, aliada à prática de coaching transcultural, me permitiu desenvolver metodologias eficazes para ajudar executivos a superar esses desafios. Com coaching personalizado, mentorias e programas de integração cultural, é possível reduzir conflitos, acelerar a adaptação e potencializar a performance em ambientes globais.

Se você é um executivo asiático atuando no Brasil, ou um brasileiro vivendo na Ásia, entender essas nuances pode ser a chave para transformar desafios interculturais em oportunidades estratégicas.

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