Cápsulas de café: amigas ou inimigas do Meio Ambiente?

Relacionado ao bem-estar e à produtividade, um dos produtos mais procurados no mundo é o café. Essa bebida reconhecida por seu aroma é tomada quente, fria; é adicionada em sobremesas e até mesmo em carnes.

Segundo o World Population Review, “Hoje, o café é cultivado em mais de 70 países tropicais e apreciado em todos os lugares. O café é a segunda commodity mais exportada no mundo depois do petróleo”. Além da bebiba, o processo de cultivo e produção têm sido cada vez mais pequisados a fim de apurar o seu sabor. Hoje, o café assim como o vinho pode ser considerado um artigo de luxo e degustado por apreciadores especializados neste grão, como o barista ou o sommelier. A forma como o café é extraído é uma das particularidades do processo a fim de ressaltar o sabor do grão. O mercado italiano utiliza esse mecanismo em suas cafeterias. A inspiração para as cápsulas da Nespresso surgiu a partir da observação de Eric Favre, um engenheiro da Nestlé, que ao visitar um negócio italiano percebeu como os baristas trabalhavam. Foram muitos anos de pequisas e testes até que em 1986 a Nestlé registrou a marca e patenteou a sua própria máquina. Hoje, além da Nespresso, são várias as empresas concorrentes como a Keurig, a Tassimo By Kraft, a Jacobs Douwe Egberts (JDE) (L’Or), a Ethical Bean Coffee, a Illy e a Nescafé. Em um primeiro momento o que contava era o prazer de tomar um café espresso nas boutiques, em casa ou no escritório; ou a satisfação de provar vários sabores de café originados de diferentes países. No entanto, em pouco tempo os ativistas do Meio Ambiente e até mesmo os apreciadores e consumidores da novidade começaram a questionar a sustentabilidade das cápsulas. Segundo KATIA MOSKVITCH, “Desde 2010, a Nespresso fabrica suas próprias cápsulas de alumínio totalmente recicláveis, mas, assim como as cápsulas da L’Or, há um problema: as pessoas precisam devolvê-las à Nespresso para serem processadas na própria fábrica de reciclagem da empresa. Isso ocorre porque as cápsulas Nespresso não são de alumínio puro, que é amplamente reciclado – elas têm revestimento de silicone, então as cápsulas precisam de um processo de reciclagem sob medida”. (Wired, 2019). No caso da Nespresso, a empresa oferece uma embalagem onde os consumidores podem armazenar suas cápsulas e depois devolver para as boutiques. No entanto, o número de pessoas que têm essa preocupação ainda é bastante baixo. Soma-se a isso que com a ampliação da oferta de cápsulas de diferentes marcas no supermercado, os consumidores passam a comprar cafés atraídos por novos sabores ou promoções, e por fim acabam por descartar as cápsulas nos lixos destinados à plástico e alumínio ou em lixos mistos que são incinerados ou destinados à aterros sanitários. Algumas empresas começam a lançar as opções de cápsulas compostáveis. No entanto, cabe ainda ao consumidor o cuidado com o seu descarte apropriado. Em alguns países, existe o programa “Recliclagem em Casa” e o consumidor pode deixar sua sacola na caixa de Correios que será encaminhada à empresa. Infelizmente, essa ainda não é uma ação global. Na perspectiva de responder ao questionamento se as cápsulas de café são amigas ou inimigas do Meio Ambiente cabe ainda a reflexão sobre a opção que utilizávamos anteriormente, ou seja, a preparação do café coado, do café na moca, ou do café em grandes máquinas de extração. Independente do método de preparo do café é importante se lembrar que jogar a bebida fora é uma das escolhas menos sustentáveis. Em várias empresas públicas e privadas, o café é preparado e distribuído em garrafas com e sem açúcar e quando o líquido esfria é descartado nas pias. Desse modo, todo o gasto para o cultivo do café e processamento é jogado fora. Assim sendo, cabe ao consumidor continuar cobrando soluções mais sustentáveis para a produção e venda do café, mas por outro lado é importante que ele tenha um comportamento que considere as consequências ecológicas e sociais. *Artigo publicado no Portal Abrindo a Porteira, em 14 de março de 2023

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