Ser líder vai muito além de gerir tarefas ou tomar decisões estratégicas. Hoje em dia, liderar em uma organização global se tornou mais desafiador. Fatores como a pandemia, tensões geopolíticas e dificuldades logísticas levaram organizações a navegar em contextos mais incertos e disruptos. Segundo a McKinsey, há apenas uma década, executivos de primeiro escalão concentravam-se em quatro ou cinco questões críticas simultaneamente. Hoje, esse número praticamente dobrou.
Nesse cenário, a inteligência emocional emerge como uma competência central para quem lidera. Liderar pessoas exige compreender ritmos, sensibilidades, expectativas e limites — tanto os próprios quanto os do outro. Um líder que reconhece suas emoções e consegue regulá-las está mais preparado para tomar decisões com clareza, manter ambientes saudáveis e construir relações de confiança.
Como ressalta Tim Gallwey, um dos pais do Coaching moderno e autor do livro e do Programa de Coaching Jogo Interior: “O verdadeiro oponente não está do lado de fora. Ele está dentro de nós.” Ou seja, é na capacidade de observar-se com honestidade, de escutar com presença e de atuar com empatia que reside a força do líder contemporâneo.

Conhecer os seus pontos fortes também é essencial. Segundo Marcus Buckingham e Donald O. Clinton, autores de “Descubra os seus pontos fortes”, “para se destacar na área que você escolheu e encontrar satisfação duradoura no que faz, você vai precisar entender seus padrões específicos. Precisará se tornar um perito em localizar, descrever, ajustar, praticar e refinar seus pontos fortes”.

Em contextos complexos e multiculturais, a competência não é apenas o que se sabe, mas como se é diante das situações, sendo capaz de perceber seus aspectos positivos e onde precisa se desenvolver – e é essa qualidade humana que define a verdadeira autoridade de liderança.
A nova expectativa organizacional
Liderança verdadeira exige autoconhecimento e inteligência emocional. Recentemente, trabalhei com um cliente de coaching que compartilhou uma sensação comum entre gestores: tinha impaciência para ouvir seus colaboradores e evitava se envolver em suas vidas pessoais. Em um contexto brasileiro, onde a amabilidade e a empatia são valores culturais essenciais, essa postura dificultava seu relacionamento com a equipe. Durante o processo de coaching, focamos em desenvolver competências comportamentais que se mostraram transformadoras:
Flexibilidade: adaptar o estilo de liderança às necessidades da equipe;
Empatia: compreender perspectivas e experiências diferentes das suas;
Simpatia e conexão: criar um ambiente de confiança, respeito e colaboração.
O impacto foi notável. A equipe passou a se sentir mais ouvida e valorizada, e o líder, por sua vez, percebeu que a escuta ativa e a atenção às pessoas eram tão estratégicas quanto seus pontos fortes de disciplina, foco e pensamento estratégico.
Essa experiência reforça uma verdade fundamental: identificar suas lacunas de liderança, conhecer seus pontos fortes, e investir no desenvolvimento de competências emocionais não é opcional, é o único caminho para atuar com uma liderança positiva e reconhecida globalmente.
A dimensão cultural
A capacidade de se conectar genuinamente com as pessoas, respeitando suas experiências e culturas, tornou-se um dos maiores diferenciais competitivos do líder contemporâneo. Cada vez mais, as equipes tem sido compostas por profissionais de repertórios culturais distintos. Portanto, o bom exercício da liderança depende da inteligência cultural.
Estudiosos definem a inteligência cultural como a capacidade de um indivíduo adaptar seu comportamento diante de desafios que surgem na interação com pessoas de culturas diferentes da sua. Segundo um estudo publicado no Journal of Social Issues (2011), a inteligência cultural está associada a cerca de 25% das diferenças observadas na eficácia da liderança internacional.

Outros estudos reforçam o mesmo padrão. Um estudo do grupo BTG evidencia que empresas com maior diversidade apresentam mais inovação, como ilustrado no gráfico abaixo.

Então, deixo a reflexão para você: quais competências você precisa desenvolver hoje para liderar com impacto, empatia e autenticidade em cenário global?
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