Por uma moda intuitiva e afetiva, assim como a Cris Guerra

Foi com muita maestria e delicadeza que, ontem, no Teatro do Brasília Shopping, Cris Guerra falou sobre Moda Intuitiva para Vendedores. A publicitária, blogueira e escritora de Minas Gerais foi vítima de uma história triste de perdas. Primeiro foi a mãe, depois o pai, e por fim, o namorado, pai do seu único filho, o Francisco, que faleceu enquanto ela estava grávida. Cris contou como se tornou uma compradora compulsiva, diante da sua vulnerabilidade emocional, e elevou para uma nova perspectiva “a das amizades verdadeiras” a relação entre vendedor e consumidor.

Fui levada para o evento, pois embora eu não esteja diretamente ligada à indústria da moda, fui painelista da Fashion Revolution Week em 2017 e 2108, e tenho me proposto a apoiar a mudança de mindset (atitude mental) para uma moda mais sustentável e mais consciente. Certamente, eu era a única pessoa que não buscava dicas comerciais, embora essa fosse a minha maior expectativa com o evento. Mais do que de moda, ou de vendas, Cris narrou a sua guerra para ser feliz. Ele queria se reconciliar com o seu corpo, curar feridas, amenizar suas dores com alegrias temporárias. Isso tudo porque ela não conseguia ter autoestima. Segundo a publicitária, “Autoestima é um treino o tempo todo. É a maneira como a gente se vê”. Ela complementa, “o mercado capitalista não quer que você tenha autoestima. Tem uma certa intenção em nos colocar pra baixo”. Suas provocações, colocadas de uma maneira leve e divertida, promovia reflexões: “Quem é você? O que é verdadeiramente seu e o que foi imposto pelos outros?”

As dicas de vendas da Cris estavam na perspectiva de ajudar o cliente a gostar dele mesmo, se envolver com aquilo que ele sente; e ao invés de empurrar produtos, ajudá-lo a se sentir bem, a comprar o que ele pode, sem sair da loja cheio de culpa, e, desse modo, criar uma relação duradoura. Uma das frases que a escritora repetiu várias vezes, quando recordava sobre algum vendedor querido era: “Ficamos amigos para sempre”.

A grande marca desse evento foi revelada com valores, como ética, amizade, empatia, respeito pelo outro. A sensação que tive é que a moda intuitiva não se trata “apenas” de se permitir misturar cores e peças e criar um look legal para uma festa ou trabalho. Não se trata “apenas” de valorizar e customizar o que cada um tem em seu closet. É preciso se despir de um mindset ultrapassado, de um modo de ser que não nos cabe mais, e se vestir com mais sustentabilidade, consciência e espiritualidade.

 

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