Meu choque cultural, apesar das unhas feitas. đź’…

Sempre faço as unhas no mesmo salĂŁo de beleza em Kingston. Havia conhecido um outro local bom, mas depois fechou. No entanto, hoje, acordei naquela “vibe” de variar e decidi testar um salĂŁo no shopping, sem imaginar quantas “surpresinhas” eu teria pela frente.

O meu primeiro susto foi não ver nenhum outro cliente. Mas, inferi que o dia da semana, uma terça-feira, nesse momento de pandemia, poderia ser o motivo. Logo, notei que dentro do salão não havia muito cuidado.

Sou acostumada a locais arrumadinhos, ainda mais em shopping center. Não havia música ambiente, as pessoas não circulavam com aquelas bandejinhas esterilizadas, não usavam uniformes e fora a minha manicure e a recepcionista, os funcionários estavam sem máscara. O ambiente estava sendo reformado, então além da campainha que tocava o tempo todo, havia circulação de pedreiros.

A manicure que me atendeu foi educada e cordial. Até conversamos um pouco, coisa que não é usual aqui. Escolhi um tom laranja para as mãos e ela fez um bom trabalho. Aqui nunca ninguém tirou bife, aliás nem sei se essa prática existe fora do Brasil, visto que nunca ocorreu comigo em outro local do mundo.

Ela me mostrou as opções de esmaltes que usaria na mão e escolhi o mesmo para o pé. Quando, finalmente, ela terminou, notei que colocou vermelho nas unhas dos pés ao invés da cor combinada. Perguntei o que havia ocorrido. Ela disse que o laranja havia acabado, então escolheu o vermelho. Choquei! Comentei que preferia que ela tivesse me perguntado, pois eu teria optado por uma tonalidade neutra como bege ou branco.

Depois na recepção, veio o segundo susto. Perguntei para a manicure o valor das unhas e ela repetiu o preço duas vezes. Ao chegar no caixa, tinha um preço pela pintura e outro preço para o serviço de limpeza. Já vi isso acontecer somente em alguns poucos negócios no Brasil, onde o foco é tratamento para os pés e não manicure. Bem, mas a caixa insistiu no preço e eu paguei. Ainda comentei que a diferença do preço entre o local que eu frequentava e o preço deles era muito alto. Ela respondeu que era devido à localização.

Por fim, acho que ficou óbvio as verdadeiras razões pela qual o salão estava vazio. Passei mais um choque cultural, mas talvez as mulheres jamaicanas, nesse momento pandemico, também tenham se tornando mais exigentes.

O que seria diferente no Brasil?

De modo geral, brasileiro busca coerência nos negócios. Em um empreendimento de beleza, geralmente, as próprias profissionais estão produzidas, com as próprias unhas feitas e os cabelos arrumados. O local também precisa ser belo, com arranjo de flores, e deve mostrar higiene, visto que saúde vem sempre em primeiro lugar.

A elegância é importante. Nos salões de beleza, ainda nos mais precários, tem sempre água e café que são oferecidos gratuitamente.

No Brasil, como nos Estados Unidos, os profissionais sabem que não sobrevivem sem os clientes, então são sempre cordiais, mesmo que tenham um prejuízo inicial. No caso da manicure que pintou as unhas sem perguntar a cor do esmalte (isso jamais ocorreria no Brasil), ela iria se oferecer para alterar, ainda que fosse em outro dia. No caso da caixa, ela cobraria o preço indicado pela manicure, ou, no mínimo, ofereceria algum outro tratamento de cortesia. Os brasileiros se empenham em manter os clientes e gerar propaganda dos seus negócios por recomendação.

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