Você entende a adaptação cultural como um processo?

Foto: Santos

Para se estabelecer relações harmoniosas com pessoas e sociedades de culturas diversas, é preciso saber lidar com regras sociais, costumes, linguagens, crenças e valores próprios de cada civilização, o que demanda capacidade individual e coletiva de adaptação às diferenças. Até dentro de uma mesma família ou comunidade, podem coexistir valores e crenças extremamente distintas, como aquelas referentes a religião e política. Assim sendo, saber conciliar tais diferenças entre povos de diferentes países é um dos maiores desafios da sociedade moderna, cada vez mais aberta à “miscigenação cultural”. Afinal, a diversidade cultural gera oportunidades de interação com novos elementos e visões de mundo, proporcionando variedade, pluralidade e convivência de ideias.

Nesse contexto, a África que já foi berço de algumas das mais antigas civilizações do mundo, está sendo considerada muito mais do que apenas um continente exótico. Várias instituições brasileiras no setor público e privado têm investido na implementação de projetos, principalmente nos países de língua oficial portuguesa. No entanto, para que as relações se estabeleçam de forma benéfica para todos os envolvidos, é preciso conhecer, estudar, pesquisar, vivenciar, entender e respeitar as diferenças e as tradições de cada povo. Para propiciar isso, é importante entender a adaptação cultural como um processo complexo, que envolve várias etapas ao longo do tempo, a serem enfrentadas com determinação e paciência.

A Massai Branca (Die weiße Massai, 2005), fime dirigido por Hermine Huntgeburth, baseado no relato autobiográfico da suíça Corinne Hofmann, retrata as dificuldades de um relacionamento amoroso intercultural na África, ilustrando alguns dos desafios da adaptação à diversidade. Carola Lehmann, nome dado para o personagem de Corinne, em uma visita ao Quênia, apaixona-se à primeira vista pela figura imponente de Lemalian, um guerreiro da tribo Samburu, com quem ela vive uma desafiadora história de amor. Ao longo do filme são visíveis as dificuldades de adaptação da protagonista, bem como o esforço do guerreiro para superar suas gritantes diferenças e buscar compreender os impulsos da esposa em mudar os hábitos existentes em sua aldeia, em uma tentativa fracassada de “ser ela mesma”.

Um padre missionário italiano é uma figura importante na trama. É ele quem chama a atenção sobre a importância de aprender a comunicação transcultural, saber gerenciar as interações sociais e entender o comportamento dos nativos, atuando de forma paciente e tolerante.

Se estiver muito curioso, assista o trailer. Mas melhor ainda é assistir o filme inteiro e descobrir mais sobre essa linda história, como se estivesse virando página por página o livro de Corinne, imaginando a importância de ouvir além de agir; de aprender antes de impor; de conhecer antes de se entregar. Porque a adaptação é um processo que exige negociação com o outro, e consigo mesmo.

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